RDC com crescimento de 6,2% em 2021, acima da média de recuperação subsariana
Com 99% das exportações ancoradas no sector mineiro, a RDC está a liderar a recuperação no período pós-pandémico entre as economias subsarianas, muito graças às vendas para os mercados externos.
A República Democrática do Congo (RDC) protagonizou uma das recuperações mais fortes em 2021, passando de um crescimento de 1,7% em 2020 para uma estimativa de 6,2% em 2021, bem acima da taxa de 4,5% na África Subsariana, de acordo com a avaliação anual do FMI. A forte recuperação foi impulsionada pelo desempenho do sector mineiro, que responde por 99% das exportações do país, e pelo sector dos serviços.
Com a ajuda de um Programa de Financiamento Ampliado, com um empréstimo de 1,5 mil milhões USD do FMI, as « autoridades adoptaram políticas que ajudaram a moderar a inflação e a estabilizar a taxa de câmbio, enquanto os preços das mercadorias apoiaram as exportações e aumentaram as receitas e as reservas internacionais líquidas », que garantem actualmente 6,3 meses de importações.
« A guerra na Ucrânia levou a um aumento da inflação, aumentando os riscos de insegurança alimentar, mas as perspectivas permanecem favoráveis com o apoio de preços elevados dos produtos de base », concluem os três economistas do FMI que assinam o relatório da avaliação anual, divulgado esta terça-feira, entre os quais Aminata Touré, economista sénior do Departamento Africano.
A continuação dos esforços para melhorar a governação e o clima empresarial apoiariam o desenvolvimento do sector privado e a diversificação económica, ganhos que podem ser comprometidos pelo recrudescimento da violência no leste do País, que nos primeiros seis meses do ano provocou mais de um milhão de deslocados, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Os « vastos e variados recursos minerais », as florestas tropicais e turfeiras da RDC « são fundamentais para a transição energética global e, com quadros políticos adequados e uma melhor governação, podem aumentar o crescimento e o nível de vida da sua população », aponta o FMI. Apesar da forte recuperação, e da previsão de crescimento de 6,7% em 2023, « décadas de guerra, má governação e subinvestimento » deixaram o país com « elevadas taxas de pobreza, acesso muito baixo a serviços básicos e uma das maiores lacunas infraestruturais do mundo », notam os economistas do FMI.
Com um PIB per capita de 609 USD em 2021, a RDC tem taxas de acesso a electricidade (19,1%) e a água (19%) abaixo das dos Estados frágeis de África Subsariana, de 40% e 24,8%, respectivamente. O FMI refere ainda que « são necessárias reformas para diversificar e melhorar a resiliência da economia e para promover um crescimento mais elevado e mais inclusivo ».
São igualmente necessárias « medidas para simplificar o sistema fiscal, alargar a base tributária e reforçar a administração fiscal, acompanhadas de outras para melhorar a gestão das finanças públicas », defendem Guillaume Nolin, Solo Zerbo e Aminata Toure. Os três economistas enumeram como medidas a implementação de uma conta única do tesouro e a eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis não orientados.
Fonte: Expansão