Neoliberalismo na África Subsaariana (II)
André Agostinho escreve nesta edição do Expansão a segunda parte do seu texto, onde conclui que apesar de a maioria dos países serem em ricos em recursos naturais, o Neoliberalismo falhou na nossa região.
África Subsaariana é a região do continente que congrega todos os países situados a sul do deserto do Saara. É uma região extremamente rica em recursos naturais, dentre os quais se destacam o petróleo, diamantes, ferro, cobre, prata, zinco, madeira, etc, com exceção de países como o Mali, Senegal, Burkina Faso, Sudão do Sul e Somália (que têm sido fortemente assolados pela seca e desertificação).
Ademais, estes fenómenos associam-se ao terrorismo, sendo que são os países considerados palcos do terrorismo, acentuado com alguma robustez, tendo em conta a forte ramificação ou alastramento de grupos extremistas radicais, ligados a várias redes terroristas. Estes grupos, além de estarem presentes em países afetados pela seca, predominam também em alguns países com um nível de vida parcialmente melhor, como no caso da Nigéria, que muitas vezes esteve no topo dos maiores produtores de petróleo em África.
Na década de 90, o PIB mais baixo da Nigéria foi de 27,75 biliões USD em 1993, sendo que o mais alto foi de 59,37 biliões USD em 1999. De igual modo, na década de 2000, o PIB mais baixo da Nigéria foi de 69,45 biliões USD em 2000, sendo que o mais alto foi de 361,5 biliões USD em 2010, e, de lá para cá, o PIB foi aumentando substancialmente, atingindo, em 2020, os 432,3 biliões. Ao contrário, a Somália, em 2020 teve um PIB de 4,918 biliões USD.
No caso de Angola, por exemplo, o PIB mais baixo na década de 90, foi de 3,39 biliões USD e o mais alto foi de 11,24 biliões USD em 1990. De igual modo, na década de 2000, o PIB de Angola mais baixo foi de 62,31 biliões USD em 2020, sendo que o mais alto foi de 145,7 biliões USD em 2014. Todavia, estes são apenas dois exemplos concretos de países plenos de potencialidades (tendo em conta os seus recursos), com PIBs competitivos a variarem todos os anos. No entanto, penso que a primeira década do século, seria o momento perfeito para colocar os países da África Subsaariana na mira do Neoliberalismo, porém, a corrupção não permitiu.
Neste sentido, a grande dificuldade na implementação de um exercício neoliberal resume-se à capacidade política do Estado em abster-se dos caminhos que levam à corrupção e ao nepotismo. Nenhum investidor ou empresário investe o seu património num país desorganizado, logo, o subdesenvolvimento, a baixa esperança (média) de vida que gravita à volta dos 50 anos, o baixo IDH, as altas taxas de desemprego e o baixo crescimento económico são frutos de um modelo neorrealista adotado pela conjuntura e sobrevivência estatal dos países da Africa Subsaariana (baseado na figura estatocêntrica e no poder do Estado) antagónico ao modelo neoliberal, que seguramente traria mais benefícios, uma vez que são na sua maioria países ricos em recursos naturais, com terras férteis e plenos de potencialidades.
De 1975 aos anos de 1980 e 1990, quase não havia empresas privadas na região da África Subsaariana. Não obstante, a maior parte da receita económica era gerada pelos Estados (governos), pois não havia concorrência, competitividade (duopólio) ou qualquer atividade que fomentasse o crescimento vertiginoso da economia.
Atualmente, o cenário é basicamente o mesmo, apesar de já existir alguma abertura em alguns países, a corrupção e o nepotismo (Realismo – poder – Estado, ou seja, figura estatocêntrica « »ver parte I, publicada na edição 686 de 05 de Agosto) tem-se acentuado em detrimento do Neoliberalismo.
Via: Expansão